Milhares pedem mais segurança na Argentina Mais de 130 mil pessoas foram às ruas de Buenos Aires nesta quinta-feira para protestar contra a falta de segurança na Argentina. A marcha foi convocada pela família do jovem Axel Blumberg, que foi seqüestrado e morto com um tiro na cabeça. Seu corpo foi encontrado em um lixão em Buenos Aires. Os manifestantes, com velas acesas, realizaram um minuto de silêncio do lado de fora do Parlamento argentino e pediram penas mais duras para os criminosos. Eles também pediram uma reforma da Polícia e do sistema judiciário – instituições vistas por muitos como ineficientes e corruptas. Kirchner “Não vamos pedir, vamos exigir”, disse o pai de Axel, Juan Carlos Blumberg, se dirigindo à multidão das escadarias do Parlamento, antes apresentar a legisladores uma lista de reivindicações. A passeata foi considerada a maior manifestação de protesto na Argentina desde dezembro de 2001, quando a revolta popular acabou levando à renúncia do então presidente Fernando de la Rúa. Marchas menores foram realizadas em outras cidades do país. A Argentina enfrenta uma onda de crimes, com um alarmante crescimento no número de seqüestros especialmente na região da Grande Buenos Aires. O presidente do país, Néstor Kirchner, prometeu ser implacável na área da Segurança Pública, e o ministro do Interior diz que a criminalidade já está baixando. Bush assina lei que protege fetos e embriões O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, assinou nesta quinta-feira uma lei que torna crime causar danos a um feto ou embrião durante um ato de violência contra uma mulher grávida. Na prática, a nova lei, criticada por defensores do aborto no país, faz com que um ataque contra uma mulher grávida constitua dois crimes – um contra a mãe e outro contra a criança ainda não nascida. A lei foi batizada de Lei Lacey e Connor, nomes de uma mulher e seu filho não nascido que foram mortos no ano passado nos Estados Unidos, num caso de grande repercussão nacional. O pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, John Kerry, diz ser contra a nova lei, que promete ser um dos temas de debate durante a campanha eleitoral neste ano. Polêmica De acordo com a correspondente da BBC em Washington Jannat Jalil, esse será mais um assunto em que haverá polarização nestas eleições entre Kerry e Bush, além de temas como o casamento de homossexuais e a exibição de atos considerados indecentes na TV. Opositores da nova lei dizem que ela ameaça o direito das mulheres de escolherem se querem ter um aborto ou não, na medida em que reconhece um feto ou embrião como um ser humano a partir do momento em que foi concebido. Eles temem que a lei possa ser usada por ativistas contrários ao procedimento para tentar banir a prática do aborto nos Estados Unidos. Contudo, os simpatizantes da lei dizem que a lei não tem como foco a questão do aborto, e sim a segurança de crianças ainda não nascidas. Feira em Bagdá é cancelada por falta de segurança A falta de segurança no Iraque levou à suspensão de uma feira internacional que deveria começar na capital do país, Bagdá, na segunda-feira. Mais de 200 empresas de 26 diferentes países iriam participar da feira, mas os Estados Unidos anunciaram que não poderia garantir a segurança dos participantes, depois das mortes brutais de quatro americanos na cidade de Fallujah, na quarta-feira. O administrador dos Estados Unidos no Iraque, Paul Bremer, disse nesta quinta-feira que a morte de civis americanos em Fallujah não ficará impune. De acordo com o vice-diretor de operações militares dos Estados Unidos em Bagdá, Mark Kimmit, qualquer resposta americana às mortes será “precisa” e “devastadora”. Mortes Os quatro americanos foram mortos em uma emboscada organizada por rebeldes, em um episódio que chocou os americanos. Alguns dos corpos foram mutilados por uma multidão que se concentrou no local e pendurados em uma ponte. Bremer disse que essas mortes -- e as resultantes de um ataque a bomba que matou cinco soldados americanos perto de Habbaniya -- são indesculpáveis e desprezíveis. O administrador americano afirmou que elas não vão desviar o que ele descreveu como a marcha em direção à estabilidade e a democracia no Iraque. Bremer fez as declarações em discurso a formandos da academia de polícia do Iraque na capital, Bagdá. 'EUA ainda têm contas a acertar com o passado', diz historiador Quando, na noite de 31 de março de 1964, o historiador americano Ralph Della Cava saiu de uma sala de cinema e se viu em meio a um tiroteio na Cinelândia, no centro do Rio, não teve dúvidas: a tensão que estava no ar nas semanas anteriores havia se traduzido em um Golpe de Estado. "Eu e meus amigos saímos da sala de cinema no meio de tiros e corremos em busca de um táxi para fugirmos dalí. Nos dias seguintes presenciei Carlos Lacerda armando a cidade e, com muita infelicidade, ví o prédio da UNE pegar fogo na Praia do Flamengo", diz o historiador que anos depois, em 1969, foi a primeira pessoa a denunciar nos Estados Unidos os crimes cometidos nos porões da ditadura. Hoje professor emérito da Universidade Queens e um dos principais pesquisadores de América Latina da Universidade Columbia, ambas em Nova York, Della Cava, está certo de que o golpe no Brasil teve dedo americano e que o conceito da "guerra preventiva" usado para justificar a ação no Iraque é uma nova face do mesmo intervencionismo. Della Cava acredita que enquanto os Estados Unidos não acertarem as contas com seu passado, vai ser difícil estabelecer uma relação de confiança com a América Latina. "Esse foi um dos capítulos mais infelizes na história das relações entre os Estados Unidos e América Latina, porque o golpe no Brasil abriu o caminho para outros golpes e outras ditaduras, cada vez mais horríveis, no continente", diz o professor. Explicação "As principais autoridades americanas que estavam no poder naquela época ainda não explicaram direito o que aconteceu. Se não entendermos direito o intervencionismo americano no passado, não vamos conseguir evitá-lo no presente e no futuro", acredita. O professor observa que pesquisas já revelaram que os Estados Unidos deslocaram navios de guerra para perto do litoral do Rio de Janeiro em março de 1964. "Se eles estavam lá, poderiam ser usados para dar apoio em caso de necessidade." Mas para ele a maior prova da ajuda americano foi apoio público dado pelo governo dos Estados Unidos ao regime implantado pelos militares logo depois do golpe. A reportagem da BBC Brasil pediu uma entrevista ao ex-secretário de defesa americano Robert McNamara, que estava no posto em 1964, mas ele recusou. Segundo assessores de McNamara, ele "não se lembra bem de eventos acontecidos há 40 anos". O ex-embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon, que também estava no Brasil durante o golpe, não respondeu às mensagens deixadas em sua casa e em seu escritório. Exagero O historiador da Universidade de Georgetown, Brian McCann, a situação no Brasil foi vista e apresentada de forma exagerada pelo governo americano em 1964, de certa maneira como o que aconteceuem em relação ao Iraque nos últimos anos. "A verdade é que havia uma infiltração comunista forte no governo, mas acho que as informações chegavam exageradas aos Estados Unidos. O risco de o Brasil virar um país pró-soviético naquela época era muito baixo", diz o brasilianista. "Hoje, nós que estudamos o Brasil aqui nos Estados Unidos sabemos que a ditadura não teria ido para frente se não fosse o apoio americano. Não falo necessariamente de armas, mas as palavras de apoio, foram indispensáveis para sustentar o sistema." Para McCann, os 40 anos da ditadura são uma grande oportunidade para o Brasil discutir mais profundamente o seu passado. "Acho que nos anos 80 e 90 o assunto não pode ser discutido abertamente. Este momento chegou." Direitos Humanos Em dezembro de 1969, Ralph Della Cava fundou em Nova York o Comitê de Informações sobre o Brasil para divulgar as torturas, assassinatos e desaparecimentos provocados pela ditadura brasileira, contando com apoio de nomes importantes na vida cultural e política americana, como a escritora Susan Sontag e os herdeiros políticos de Martin Luter King. "No Vaticano já se sabia da tortura e também na França saiu um artigo numa revista, mas aqui nos Estados Unidos ninguém queria acreditar", disse. "Eu decidi ajudar quando fui procurado em Nova York por amigos brasileiros me trazendo um dossiê denunciando diversas torturas, inclusive de um amigo meu", lembra. Della Cava elogia os progresso democrático do Brasil desde os anos 80, mas lembra que apesar de país ter hoje liberdade política, a luta pelos direitos humanos ainda é essencial. "No mundo inteiro, inclusive aqui nos Estados Unidos, a luta pelo direitos humanos e pelos direitos civis não tem fim", disse. "A liberdade política no Brasil é uma grande conquista mas outros direitos, com o de ter um emprego e de sair à rua com segurança, estão sendo menos respeitados do que eram em 1969." Golpe 'foi inevitável, mas durou demais', diz Jarbas Passarinho O ex-senador e ex-ministro Jarbas Passarinho acredita que o golpe militar de 1964 foi inevitável, diante do temor da sociedade brasileira em relação à ameaça comunista, em plena Guerra Fria. “O problema é que durou demais. Deveríamos ter deixado o poder e realizado eleições livres em 1973”, disse Passarinho, coronel da reserva, em entrevista à BBC Brasil. A intenção, segundo Passarinho, era que o então presidente Emílio Garrastazu Médici, já no fim do mandato, convocasse eleições e concorresse ao cargo, alterando o status da função com a criação de um primeiro-ministro. “Ele era um presidente muito popular, a economia ia muito bem”, lembra Passarinho, certo de que Médici seria mantido no poder pelo voto popular. Na época ministro da Educação, Passarinho disse que tentou articular a mudança, mas não conseguiu convencer outros membros do governo. “O ministro Costa Cavalcante veio me procurar em nome do general Figueiredo, já preparando a candidatura do general Ernesto Geisel. Mas, para mim, esse era o momento de entregar”, disse. Leia mais: Resistência deixou país 'imune a recaídas autoritárias', diz Nunes Ferreira Ivan Lessa: Golpe foi chato antes, durante e depois Outra tentativa A tentativa anterior de acabar com a ditadura, segundo o ex-senador, havia ocorrido em 1969, quando ele era ministro do Trabalho do presidente Arthur da Costa e Silva. “Em agosto de 1969 ele me disse: basta de cassações, vou outorgar a Constituição no dia primeiro de setembro e no dia 7 de setembro reabro o Congresso”, conta o ex-senador, relembrando uma frase do ex-presidente: “marcho sobre baionetas, mas o farei”. “Mas, infelizmente, ele morreu dois meses depois e não pôde fazer o que pretendia. Ele morre, o AI-5 não acaba e as baionetas fizeram (o regime) durar mais nove anos”, lamentou. Mesmo se Costa e Silva tivesse vivido, Passarinho não está certo de que ele realmente teria colocado seus planos em prática “Eu nem sei se ele teria sucesso. Se as guerrilhas parariam e permitiram isso. Mas, pelo menos, ele disse pra mim: basta de cassações”, lembrou o ex-senador. Apesar de repetir que os militares erraram ao permanecer no poder por tanto tempo, Passarinho defende o golpe. “Nós éramos antigolpistas. Nos preparamos para resistir ao golpe que acreditávamos que viria do presidente João Goulart, que não tinha mais o controle das Forças Armadas, e acabamos dando o golpe”, afirmou. "Imperativo" O golpe se tornou imperativo, na avaliação dele, pela presença, já naquele momento, de guerrilheiros atuando em território brasileiro, encorajados pelo sucesso dos comunistas na China, na União Soviética e em Cuba, e pela insubordinação militar com o motim dos sargentos, em 1963 em Brasília, e dos marinheiros, em 1964 no Rio de Janeiro. Nada do que aconteceu pode ser analisado, diz ele, sem esquecer de que naquela época o mundo estava dividido entre o comunismo liderado pela União Soviética e o chamado mundo livre, capitalista. “Todo mundo tinha medo da ameaça comunista. Os jornais da época mostram bem isso, pediam a saída de João Goulart”, disse ele. O apoio dos meios de comunicação só começou a diminuir quando eles próprios começaram a ser afetados, com a censura aos órgãos de imprensa. “Na guerra fria, nós tínhamos que tomar uma posição: ou éramos pró-comunistas ou éramos contra. E nós tomamos”, afirmou. O mesmo argumento, de que era preciso conter o avanço da guerrilha de esquerda, ele usa para defender o AI-5, o ato institucional que em dezembro de 1968 acabou com as garantias constitucionais, instituiu a censura e deu plenos poderes ao Executivo. “Naquela época já tínhamos pessoas mortas pela guerrilha, já havia assalto a bancos e assalto aos quartéis. A Colômbia não fez nenhum AI-5 e está lá, em guerra até hoje”, justificou. Colômbia A comparação com a Colômbia, em guerra civil há 41 anos, é uma constante na análise do ex-senador, que reclama da falta de compreensão da imprensa e da sociedade brasileira para a importância do exemplo colombiano. “Eu não consigo pôr na cabeça de vocês todos a comparação com a Colômbia. Não consigo”, lamenta. Para ele, se não fosse o golpe militar para acabar com a guerrilha de esquerda, o Brasil teria seguido o mesmo caminho do país andino e poderia estar vivendo um conflito armado até hoje. Mas Passarinho não se constrange com a denominação de ditadura. “Sem dúvida era um regime autoritário. Com AI-5 na mão, como vou falar que não?”, disse. “Mas não era uma ditadura como a de Fidel Castro, uma ditadura stalinista. Nós tínhamos o Congresso funcionando”, afirmou. Passarinho também reclama da esquerda, oposição na época e no poder hoje. “Eu falo com a coragem de fazer autocrítica. Os que nos criticam não. Eles negam tudo: não houve ameaça comunista, as guerrilhas que já estavam na Venezuela e na Colômbia não eram comunistas, Fidel Castro não era comunista. Pelo amor de Deus.” Balanço O balanço dos 20 anos de poder militar, para Passarinho, é uma mistura de sucesso na área econômica e problemas na área política. “Economicamente, foi extraordinário: nós passamos de 49º para 8ª maior economia do mundo, com indicadores econômicos muito bons, a inflação foi reduzida com a criação da correção monetária que não existia antes de Castello Branco." "O Brasil modernizou-se. Mas tivemos um resultado um resultado político débil, fraco, inclusive porque as liberdades custaram a ser restauradas. A anistia poderia ter sido dada no fim de 73”, disse. Passarinho reclama que, contrariando a máxima de que a História é escrita pelos vencedores, neste caso foram os vencidos da época que a escreveram. “Aqui é o contrário. Os vencidos é que fazem a História. E é uma profunda injustiça ver a História sendo escrita desse modo.” Questionado sobre o preço que o país pagou pelos 21 anos de ditadura militar, Passarinho acha que o ônus recaiu principalmente sobre os integrantes do regime. “Quem está pagando somos nós. Nós que fizemos”, lamentou. Ele também vê um revanchismo a partir do governo Fernando Henrique Cardoso, com a aprovação de indenizações para guerrilheiros mortos em combate, mas diz que ainda é cedo para avaliar o governo Lula. “Ele está cumprindo a última parte do seu desdobramento político. Não sei se isso é o etapismo, se depois vem outras mudanças. Para mim, é cedo pra julgar.” Ministra-adjunta britânica da imigração renuncia A ministra-adjunta britânica da Imigração, Berveley Hughes, apresentou sua renúncia nesta quinta-feira devido ao seu suposto envolvimento na concessão de vistos irregulares a imigrantes. A oposição conservadora disse que o Ministério do Interior britânico, ao qual Berveley era ligada, aprovou os pedidos de visto de pessoas da Europa Oriental apesar de ter recebido denúncias de que as solicitações foram feitas com base em documentos falsificados. Hughes vinha dizendo que não ia sair do governo, argumentando que não conhecia as alegações e não havia “intencionalmente enganado ninguém”. No entanto, sua renúncia teria se tornado inevitável depois que o próprio governo disse que ela havia sido alertada sobre as irregularidades cerca de um ano atrás, por um membro da alta cúpula do Partido Trabalhista. Investigação A ex-ministra-adjunta disse que, embora se considere inocente, ela não poderia “continuar a ocupar o cargo (...) sem sentir peso na consciência”. Uma investigação dentro do governo está sendo conduzida para esclarecer se os pedidos de visto foram aprovados de forma proposital ou se, por um equívoco, eles foram autorizados. A oposição conservadora e os Liberais Democratas, a terceira maior força no Parlamento britânico, estão pedindo a abertura de um inquérito independente sobre as alegações, argumentando que a investigação atual não é confiável. O líder dos conservadores, Michael Howard, disse à BBC que “é bastante claro, pelo que aconteceu no último mês, que a política de imigração do governo está um caos”. Espanha identifica principal suspeito de atentados A Justiça espanhola revelou nesta quinta-feira que um tunisiano, para quem um mandado de prisão internacional foi emitido, é o líder dos suspeitos de envolvimento nos atentados realizados em Madri no dia 11 de março. Documentos judiciais afirmam que Sarhane Ben Abdelmajid Fakhet é "o líder e coordenador" dos suspeitos pelos ataques. Além dele, o marroquino Jamal Ahmidan também é procurado como suspeito de liderar o grupo responsável pelos atentados. Os dois estão na lista de seis suspeitos procurados pela Justiça da Espanha. Um dos mandados de prisão diz que Fakhet, conhecido como o Tunisiano, começou a pregar uma "guerra santa" em Madri na metade de 2003. Os outros quatro suspeitos procurados, acusados de colocar as bombas em mochilas nos trens que foram alvo dos ataques, também são marroquinos e foram identificados como Said Berraj, Agdennabi Kounjaa e os irmãos Mohammed e Rachid Oulad Akcha. Investigações O juiz Juan del Olmo, encarregado de liderar as investigações sobre os atentados, afirmou que os seis suspeitos são procurados por assassinato e por "pertencer a um grupo terrorista". Del Olmo disse ainda que as bombas utilizadas nos ataques foram preparadas em uma casa em uma área semi-rural, nos arredores de Madri, alugada por um dos suspeitos. No dia 11 de março, 13 mochilas carregadas de explosivos foram deixadas em quatro movimentadas estações de trem de Madri. Pelo menos 191 pessoas foram mortas e 1,8 mil ficaram feridas. O ministro do Interior da Espanha, Angel Acebes, identificou o Grupo Combatente Islâmico Marroquino como principal alvo das investigações, mas insistiu que outras organizações "terroristas" não foram descartadas. Tráfico Autoridades envolvidas nas investigações afirmam acreditar que o tráfico de drogas foi a principal fonte de recursos para financiar os ataques. A imprensa local afirma que Jamal Ahmidan, acusado de ligações com a organização Al-Qaeda, foi originalmente recrutado por radicais islâmicos quando cumpria uma pena de prisão no Marrocos por tráfico de drogas. Ahmidan também é acusado de levar um carregamento de haxixe para o norte da Espanha, no fim de fevereiro, para obter em troca mais de 100 quilos de explosivos roubados de uma mina da região. Atualmente, a polícia espanhola mantém sob custódia 19 pessoas envolvidas nas investigações, incluindo 11 marroquinos ou espanhóis nascidos no Marrocos, dois indianos, dois espanhóis e três sírios. Esquerda no ar A direita domina os programas nas rádios americanas e não se trata de uma conspiração de patrões nem do governo Bush. É preferência dos ouvintes. Dos 15 principais radialistas com programas de grande audiência, dez são vozes da direita e as outras cinco estão mais para o centro. O campeão de audiência é Rush Limbaugh, que tem 14 milhões de ouvintes por semana em 600 estações. Limbaugh começou por baixo e ficou por baixo durante 13 anos. O programa dele conquistou audiência em 1984, durante o governo Reagan. Limbaugh atavaca os democratas e quanto mais liberal, maior o malho. O senador Ted Kennedy era um dos alvos favoritos. No governo Clinton, ele disparou. Contra-ataque Nesta semana, a esquerda partiu para o contra-ataque sob o comando de Al Franken, um comediante que sabe escrever e malhar. Seu livro Mentiras e os Mentirosos que as Contam satiriza os gurus da direita na mídia e na política. Está há 30 semanas na lista dos mais vendidos. Ele foi o pai da rede Air America, que foi ao ar ontem em cinco cidades grandes, mas em estações com sinais fracos. Os donos das rádios mais potentes não querem correr riscos com comediantes, celebridades e comentaristas com pouca ou nenhuma experiência no rádio. A esquerda faz sucesso em livro, na televisão e cinema mas no rádio tem fama de pesada e sombria. Mario Cuomo e Jim Hightower, dois heróis dos liberais, fracassaram no ar. Al Franken cercou-se de um time de comediantes e aposta que num país dividido num ano eleitoral, o anti-bushismo com humor vai conquistar o ar. Na estréia faltou graça. Governo Bush tenta evitar paralelo entre Iraque e Somália Poucas coisas incomodam tanto o governo Bush como paralelos com o seu predecessor Bill Clinton. Mas as cenas horripilantes e macabras dos corpos de americanos incinerados e mutilados em Fallujah, na quarta-feira, para o delírio de uma multidão, levaram a uma associação automática com as imagens de soldados dos EUA arrastados pelas ruas de Mogadiscio, na Somália, em 1993. Há 11 anos, o governo Clinton e a opinião pública americana simplesmente não tiveram estômago. A tropa voltou para casa. Na quarta-feira, a Casa Branca teve uma reação automática: não aceitou os paralelos e descartou uma retirada. Credibilidade E de fato, muito mais está em jogo e o cenário é muito diferente. A invasão do Iraque foi pedra-de-toque da política externa de Bush. A Somália foi um acidente de trabalho do governo Clinton. O benefício de permanecer na África era de longe suplantado pelo desgaste. No caso do Iraque, sair agora seria uma catástrofe estratégica e política para Bush. Michael O'Hanlon, analista do Instituto Brookings, é preciso: "A credibilidade do presidente está em jogo e o nível de investimento feito é de longe muito maior do que na Somália". Ademais, por mais horríveis que sejam as cenas, morticínio faz parte do cotidiano do Iraque pós-guerra. E cinicamente pode-se dizer que a opinião pública mundial está acostumada ao macabro (e em alguns casos anestesiada) quando é submetida sistematicamente a imagens como as torres derrubadas do World Trade Center, Bali ou Madri. Divergências De qualquer forma, para as empresas de mídia é sempre uma decisão atroz o que mostrar. Nos EUA, houve uma divisão. Algumas das grandes redes de televisão mostraram as imagens mais horripilantes. Outras foram mais comedidas. O mesmo aconteceu na imprensa escrita. É sintomático que o jornal mais influente do país, o New York Times, avesso ao sensacionalismo, optou por uma foto forte dos corpos de dois dos americanos incinerados pendurados em uma ponte sobre o rio Eufrates. Os corpos estão ao fundo. O flagrante mais nítido é de iraquianos em júbilo. A questão política crucial é o limite de baixas americanas (civis ou militares) no Iraque que a opinião pública dos EUA está disposta a tolerar. Popularidade Na seqüência, a questão é como o governo Bush reagiria a um maior nível de intolerância. Em termos concretos, as pesquisas mostram uma queda substancial do número de americanos que consideram que a invasão do Iraque tenha sido uma decisão correta. Eram mais de três quartos quando a guerra começou em março do ano passado. Agora pouco mais da metade dos americanos cerram fileiras com George W. Bush. E num estado de espírito preocupante para a Casa Branca, mais da metade dos consultados (51%) em uma pesquisa da rede de televisão CBS e do New York Times disseram que um futuro risonho para o Iraque não compensa a perda de vidas americanas, em contraste a 42% que disseram que sim. O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que o governo Bush não será "intimidado" por espetáculos macabros. A aposta ficará mais alta à medida em que se aproximam a devolução da soberania ao Iraque em julho e, obviamente, as eleições americanas em novembro. Estado alemão aprova proibição do véu muçulmano O Estado de Baden-Wuerttemberg, no sul da Alemanha, se tornou o primeiro no país a proibir as professoras de usarem véus muçulmanos. A Assembléia Estadual aprovou a lei quase unanimemente. No ano passado, a Suprema Corte alemã havia decidido que Estados poderiam banir os véus se eles "influenciassem desnecessariamente" os alunos. Dos 16 Estados do país, cinco estão no processo de aprovar as proibições. Debates acirrados Na quarta-feira, o governo regional de Berlim havia concordado em proibir que funcionários do governo usassem qualquer símbolo religioso, mas a lei ainda precisa ser aprovada regionalmente. O parlamento de Baden-Wuerttemberg, que é dominado pelos Democratas Cristãos e os Democratas Livres, aprovou a medida quase unanimemente. A ministra da Cultura Annette Schavan disse à agência de notícias AFP que os véus não teriam espaço nas escolas, já que elas poderiam "levar à adoção de idéias islâmicas de cunho político”. Grupos muçulmanos, no entanto, dizem que isso limita a liberdade religiosa. O assunto foi acirradamente debatido na Alemanha desde que Fereshta Ludin, que perdeu seu emprego em 1998 por ter usado um véu na escola, foi para à Justiça. Ela argumentou que a constituição alemã garantia a sua liberdade religiosa. Em setembro último, a Corte Constitucional Federal aprovou por cinco votos a três que, segundo as leis em vigor, ela poderia usar o véu. Mas a Corte disse também que novas leis poderiam ser aprovadas pelos Estados banindo o véu. DVD de Guerra nas Estrelas lidera venda na internet A caixa de DVDs com a trilogia original do filme Guerra nas Estrelas está no topo da lista de mais vendidos pela loja virtual Amazon, na Grã-Bretanha, seis meses antes do lançamento. A série chegou ao número um da parada dos cem principais DVDs à venda mesmo estando apenas disponível para pré-encomendas para o mês de setembro. Ao preço de 29 libras (cerca de RS$ 145), a caixa atingiu o topo apenas 24 horas após ser colocada à venda. Superou assim filmes que têm sido um sucesso de vendas, entre eles Matrix e Simplesmente Amor. Novo formato A trilogia original em DVD — Guerra nas Estrelas, O Império Contra-Ataca e O Retorno do Jedi – era aguardada com ansiedade pelos fãs da série. Os filmes nunca foram lançados neste formato antes, apesar de estarem entre os mais populares da história do cinema. Guerra nas Estrelas, de 1977, é visto como um dos marcos da história de Hollywood. O filme costuma liderar pesquisas de opinião sobre os melhores de todos os tempos. O criador da série George Lucas decidiu retomá-la em 1999, filmando A Ameça Fantasma, primeiro filme de uma nova trilogia. O segundo novo episódio, O Ataque dos Clones, chegou aos cinemas em 2002. O último deles, cujo nome ainda não foi definido, deve aparecer em 2005. Polícia de Israel entra em choque com colonos A Polícia de Israel entrou em choque com colonos judeus e prendeu 14 nesta quinta-feira, quando eles estavam tentando reconstruir um acampamento irregular perto da cidade de Hebron, na Cisjordânia. O acampamento desabitado de Hazon David, onde funcionava uma sinagoga improvisada, havia sido demolido pelos policiais na quarta-feira. A remoção de acampamentos ilegais é um dos compromissos do governo israelense dentro do último plano de paz para a região, apoiado pelos Estados Unidos, pela Rússia, pela União Européia e pela ONU. Também nesta quinta-feira, uma delegação americana teve reuniões em separado com representantes de Israel e da Autoridade Palestina para discutir a retomada do plano. Bush De acordo com o correspondente da BBC em Jerusalém Wyre Davies, poucos detalhes foram divulgados sobre as reuniões, mas sabe-se que Israel está procurando obter o apoio dos Estados Unidos para o plano do primeiro-ministro Ariel Sharon de retirar as forças israelenses da Faixa de Gaza sem negociar com os palestinos. Acredita-se que as autoridades em Washington sejam receptivas à idéia, desde que ela permita a implementação do plano de paz. Depois do encontro com a delegação americana, o primeiro-ministro palestino Ahmed Korei disse que a retirada de colonos judeus e soldados israelenses de Gaza deve ser o primeiro passo de um processo muito mais amplo. Ele também disse que quer negociar com Israel a saída de Gaza, ao contrário do que propõe Sharon. Davies disse que mais detalhes sobre a proposta do primeiro-ministro Israelense para retirada da Faixa de Gaza devem ser divulgados no encontro de dia 14 de abril entre Sharon e o presidente americano, George W. Bush, em Washington. Casa Branca confirma data de depoimento de Rice A Casa Branca confirmou nesta quinta-feira que a Conselheira Nacional de Segurança dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, deve prestar depoimento no próximo dia 8 de abril na comissão que investiga os ataques de 11 de Setembro. Rice, que vinha se recusando a testemunhar em público à comissão, foi autorizada na terça-feira pelo presidente americano, George W. Bush, a dar o depoimento dessa forma. A expectativa é que a conselheira tenha que responder a perguntas sobre alegações feitas à comissão pelo ex-assessor antiterrorismo da Casa Branca, Richard Clarke. Clarke disse no depoimento e num livro que publicou que o presidente Bush subestimou o perigo de um atentado terrorista nos Estados Unidos nos meses que antecederam os ataques em Washington e Nova York. Depoimento presidencial Vários dos dez membros da comissão de inquérito já vinham pedido que Rice fosse autorizada a testemunhar em público. A conselheira havia dito que não tinha nada a esconder, mas a natureza de seu trabalho exigia que o seu depoimento fosse feito a portas fechadas. O presidente Bush e o seu vice, Dick Cheney, também anunciaram que devem prestar depoimento à toda a comissão de inquérito, e não apenas ao presidente e ao vice-presidente dela, como anteriormente haviam se comprometido. Os depoimentos, porém, devem ocorrer a portas fechadas, e Bush e Cheney deverão responder juntos às perguntas. Já falaram à comissão de inquérito figuras de alto escalão do governo Bush, como o secretário de Estado, Colin Powell, e o de Defesa, Donald Rumsfeld. UE aprova pacote para forças de paz na África A União Européia (UE) aprovou um pacote de mais de US$ 300 milhões para a União Africana estabelecer forças de paz no continente. “Provavelmente não existe desafio maior do que garantir paz e segurança da população africana”, disse o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Brian Cowen, cujo país ocupa a presidência rotativa da UE. Ele disse que cabe aos africanos decidirem como e quando o dinheiro deve ser gasto. A verba vai ser destinada ao recém-formado Conselho de Segurança e Paz Africana, que está no processo de criação das novas forças. Burundi O ministro das Relações Exteriores de Moçambique, Leonardo Simão, disse que as tropas vão ser usadas no período entre a assinatura dos acordos de paz e a chegada das tropas das Nações Unidas em países do continente. Foi proposta a criação de uma força com 15 mil soldados africanos. A primeira missão de forças de paz da União Africana envolveu 2,7 mil soldados vindos da Etiópia, Moçambique e África do Sul, que foram enviados para o Burundi em dezembro de 2002. A ONU tem atualmente 38 mil soldados internacionais operando em Serra Leoa, Libéria, República Democrática do Congo e ao longo da fronteira entre Etiópia e Eritréia. Ex-caminhoneiro ganha US$ 239 mi na loteria nos EUA Um motorista de caminhão aposentado dos Estados Unidos ganhou um prêmio da loteria de US$ 239 milhões (mais de R$ 707 milhões). Esse é o segundo maior prêmio de loteria pago a um único bilhete na História. O sortudo, J.R. Triplett, disse que o bilhete premiado para a loteria do Estado de Virgínia era um dos cinco que ele tinha comprado em fevereiro, em uma loja a poucos quilômetros de sua casa, na cidade de Winchester. Em entrevista coletiva, Triplett disse que ainda não tinha planos sobre o que vai fazer com o dinheiro. Já a mulher dele prometeu "comprar até cair".